
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a participação da primeira-dama Janja da Silva na comitiva presidencial à China, onde ela acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em compromissos oficiais. Segundo relatos, Janja teria causado constrangimento ao mencionar o TikTok — rede social controlada por uma empresa chinesa — durante um jantar com o presidente Xi Jinping. Para Bolsonaro, “a postura do Lula lá fora é constrangedora. A Janja dá declarações que sugerem censura. É só vexame atrás de vexame”.
Lula tentou minimizar o episódio e afirmou que ele próprio iniciou a conversa sobre o TikTok com Xi Jinping. “Perguntei ao companheiro Xi se seria possível enviar ao Brasil uma pessoa de confiança para dialogar sobre a questão digital. A Janja, então, pediu a palavra para expor o que está ocorrendo no Brasil, principalmente contra mulheres e crianças”, explicou o presidente. A plataforma chinesa é um dos pontos de tensão entre China e Estados Unidos, o que adiciona sensibilidade ao tema.
A oposição aproveitou o episódio para fazer críticas. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou nas redes: “Nem o Xi Jinping quis render a narrativa de algoritmo da Janja”. Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a primeira-dama tentou “lacrar” e acabou “passando vergonha internacional”. As falas reforçam o incômodo de setores da direita com o protagonismo da esposa do presidente em agendas diplomáticas.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, saiu em defesa de Janja e rebateu Bolsonaro. Segundo ela, “quem envergonha o Brasil diante do mundo é o réu Jair Bolsonaro”. Gleisi lembrou ainda das crises diplomáticas criadas pelo governo anterior com a China e acusou o ex-presidente de subserviência aos Estados Unidos. O episódio reacende o debate sobre o papel da primeira-dama nas relações exteriores do país.