A infiltração do crime organizado na política cearense ganhou novos contornos nos últimos quatro meses. Desde janeiro, dois prefeitos foram presos e um permanece foragido, todos suspeitos de envolvimento com facções criminosas.
O caso mais recente envolve o prefeito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo (PSB), o Braguinha, que teve a denúncia aceita pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) e virou réu em uma ação penal eleitoral. A Corte também manteve seu afastamento do cargo.
Segundo o Ministério Público, o grupo político de Braguinha teria atuado em parceria com o Comando Vermelho, utilizando ameaças e coerção para interferir no pleito. A investigação menciona inclusive a entrega de um carro de luxo a um traficante.
Em Potiretama, o prefeito Luan Dantas (PP) foi preso pela Polícia Civil no início de abril, sob suspeita de integrar uma facção. Já em Choró, Bebeto Queiroz (PSB) está foragido desde dezembro, acusado de abuso de poder e compra de votos — o mandato dele foi cassado nesta semana.
Os casos acendem o alerta para uma tentativa real de captura do poder local por organizações criminosas. Denúncias de extorsão a candidatos, financiamento ilícito de campanhas e “taxas” cobradas por facções para autorizar atos políticos em seus territórios indicam uma ameaça crescente à democracia municipal.
O cenário pressiona instituições como Justiça Eleitoral, Ministério Público e forças de segurança a reagirem com firmeza.